Fernando Venancio Peixoto da Fonseca CDU 806.90-002-3 Lislboa VOCABULOS ANTIGOS NAS CRONICAS EM PORTUGUES DOS PMH (VOL. SCRIPTORES) O volume Scriptores, publicado em 18'56 soba direci;ao de A. Herculano, e que faz parte dos Portugaliae Monumenta Historica, editados pela Academia das Cien­cias de Lisboa, e o linico que contem cr6nicas, quer em latim quer em portugues, ge­ralmente designadas por cronicoes. Sao as seguintes as redigidas em portugues: 1) Chronica breve do Archivo Nacional [CAN], da 1429 (pgs. 22-23); 2) Chronicas breves e memorias avulsas de S. Cruz de Coimbra [CB 1 a 4), da se­gunda metade do seculo XV, segundo Herculano, mas duas das quais, com mais verosimilhani;a, do seculo XIV, de acordo com Rodrigues Lapa, Liroes, p. 266; 3) Vida de D. Tello e noticia da fundarao do mosteiro de S. Cruz de Coimbra [VT], de 1455 (pgs. 75-79, versao livre por Alvaro da Mota da Vita Tellonis Archi­diaconi notitiaquefundationis coenobii S.Crucis Conimbricensis, inserta em Scrip­tores (pgs. 64-75); 4) Chronica da fundarao do moesteiro de Sao Vicente de Lixboa pello Inuictis­simo e Christiannissimo Dom Afonso Henriquez, l. 0 rei de Portugal: E como to­mou a dita ridade aos Mouros [SV], ap6grafo transcrito no seculo XVI sobre texto talvez do seculo XIV (pgs. 407-414), parafrase do Indiculumfundationis monaste­rii S. Vincentii, publicado em Scriptores (pgs. 90-93); 5) Chronica da Conquista do Algarve [CCA] (Chroniqua de como Dom Payo Correa Mestre de Santiago de Castella tomou este reino do Algarve aos Moros), composta talvez no sec. XV, anterior de certeza a 1520 (pgs. 415-420). Alem das siglas referentes as cr6nicas, entre colchetes, os numeros escritos em primeiro lugar, no fim dos passos abonat6rios ( ou depois dos pr6prios vocabulos), indicam as paginas do vol. Scriptores, onde se encontram os vocabulos ou locui;oes registados; em segundo lugar designam-se as colunas 1 a ou 2a pelas letras A e B, re­spectivamente; em terceiro e ultimo lugar indicam-se as linhas, que sao contadas, em todos os casos, desde o alta da pagina. Todas estas indicac;oes sao dadas entre parenteses. Os passos abonat6rios, quando apresentam divergencia do texto dos Scriptores, reproduzem a nossa leitura, que reputamos exacta, dos manuscritos la publicados (ou doutros mais antigos), e que, conforme os casos, damos ou daremos a luz (cr6n. 1 a 4), ou restituimos (cr6n. 5). O vocabulo ou locuc;ao da que se trata vai sublinhado na respectiva citac;ao, para maior clareza. Incluimos neste estudo, com a mencao de antigas, as palavras arcaicas que so­breviveram ao periodo arcaico da lingua ou que revivem literariamente na lingua­gem dos autores modernos ou contemporaneos e as que designam instituicoes, cos­tumes ou objectos materiais. Consideramos que o idioma portugues moderno e o periodo linguistico que decorre do sec. XVI ate aepoca actual. Por convenc~o de utilidade pratica, o seu terminus a quo e o anode 1500. Tratamos primeiro dos nomes pr6prios antigos, especialmente antrop6nimos e etn6nimos: Alanquer, top. ant. (< iuncariu-, atraves do mocarabe, cf.A.N.,it.DE,11, s.v. Alenquer): Alenquer. "alanquer e ssjntra" (29, A, 45) [CB3]; "alamquer·1. Obidos" (25, B, 6) [CB2]. An r i q u e, antr. (m.) ant. ( < germ. latinizado em Agenrlcus, tal vez por inter­medio do proven\:al Anric, para poder explicar-se a terminacao -ique; significa "se­nhor" ou "possuidor" (-rik) de cerca (haen) ou de casa (hein); cf. A.N., DE, II, s.v. Henrique): Henrique. "dom anrique" (24, B, 75) [CBl]; "dom affomso anrrique" (29, B, 20) [CB4]. A nriq u es, antr. ant., patronimico deAnrique(v.); cf. L.V., Lif. Fil., p. 175 e segs.: Henriques. "afomso anriquez" (24, B, 16) [CBl]; "dom Afonso anriquez" (407, B, 41, no titulo do cap. 1 °) [SV]. C rast o Mari m, top. ant. ( < castru-, seguido do nome da tribo berbere dos Banu Marini ou Merim): Castro Marim. "no monte (d)onde (era e) hora he Crasto Marjm" (417, A, 48) [CCA]. C rast o Verd e, top. ant. (< castru-v'fifde-): Castro Verde. "crasto verde" (24, A, 66) [CBI]. Deni s, ant. e pop. (nome que veio de Franca:: Saint Denis, ap6stolo da Ga­lia, Dionysius, greco-lat. derivado de ~t. 6vuoo{;; "Baco"; cf. L. V., Op., III, p. 94, e Antr., p. 46): Dinis. "D. Denjs" (416, A, 10) [CCA]. Framengos, etn6nimo m. pl. ant. (< germ. flaming; cf. DP, s.v. flamengo): Flamengos. ''jramengos Edoutras nacoees" (29, A, 33) [CB3]. Frandes, top. f. ant. (< flamengo Vlaanderen; cf. A.N., DE, II, s.v. Flan­dres): Flandres. "Oconde philipe dejrandes" (22, A, 49) [CAN]. 1ng ra terra, top. f. ant. (< Angla Terra; cf. A.N., DE, II, s.v. lnglattera): lnglaterra. "Reys de Jngraterra" (25, B, 32) [CB2]. Jesu, hier6nimo m. ant. (Irioou~, do hebr. Iexu; cf. A.N., DE, II, s.v. Jesus): Jesus. A desloca~ao do acento t6nico deve-se ainfluencia da forma grega. "Jesu christo" (22, A, 20) [CAN]. Joa ne, antr. ant. ( < lohanne-, do gr. )Iwavvri~ e este do hebraico): J oao. "ho ar~ebispo Johanne" (78, B, 50) [VT]. Lianor, antr. f. ant. (< arabe ellinor "o Senhor e a minha luz"; cf. A.N., DE, II, s.v. Leonor): Leonor. "dona lianor" (22, B, 40) [CAN]. Madanela, antr. f. ant. e pop. (gr. May6aA.rivn, pelo lat. Magdalene): Madalena. "mujtas lagrimas asy como a madanela" (77, B, 12) [VT]. Mafomede, antr. m. ant. ( a-u). "oo que salw;os tam grandes daua" (77, B, 15) [VT]. (ser): l. som, ant. (